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Da COVID ao câncer: novo teste caseiro detecta doenças com precisão surpreendente
Última revisão: 15.07.2025
Dor de garganta e nariz entupido? O advento dos testes rápidos caseiros tornou mais fácil identificar se você tem uma doença grave como a COVID-19 ou apenas alergias de primavera. Mas, apesar da rapidez e da praticidade, esses testes são menos sensíveis do que os usados em clínicas. Isso significa que o resultado pode ser negativo mesmo que a pessoa esteja infectada.
A solução poderia ser uma nova tecnologia de biossensores de baixo custo que tornaria os testes rápidos em casa 100 vezes mais sensíveis a vírus como o da COVID-19. Também poderia ampliar a capacidade de triagem rápida para outras condições perigosas, como câncer de próstata e sepse.
Cientistas da Universidade da Califórnia, Berkeley, desenvolveram um teste que combina um processo natural de evaporação chamado “efeito anel de café” com plasmônica e inteligência artificial para detectar com precisão biomarcadores de doenças em apenas alguns minutos.
“Esta técnica simples, porém poderosa, fornece resultados altamente precisos em uma fração do tempo necessário para métodos diagnósticos tradicionais”, disse Kamyar Behrouzi, recente doutorando em sistemas microeletromecânicos e nanoengenharia na UC Berkeley.
“Nosso trabalho abre caminho para soluções de diagnóstico mais acessíveis e econômicas, especialmente para regiões com recursos limitados.”
Uma descrição da tecnologia foi publicada na revista Nature Communications.
Efeito Anel de Café e Nanopartículas
Se você observar atentamente uma mancha de café ou vinho, notará que ela é mais escura nas bordas do que no centro. Isso se deve a um fenômeno físico conhecido como efeito anel de café: quando uma gota de líquido evapora, ela cria uma corrente que empurra as partículas suspensas em direção às bordas. Se as partículas forem pigmentadas, como no café ou no vinho, um anel mais escuro se formará ao redor das bordas da mancha.
Em 2020, Behrouz estava desenvolvendo um biossensor para detectar a COVID-19 e notou que gotículas de sua solução experimental deixavam marcas em forma de anel ao secar. Ele percebeu que o efeito do anel de café poderia ser usado para concentrar partículas do vírus da COVID-19, tornando-as mais fáceis de detectar.
"Percebemos que poderíamos usar esse efeito para criar algo muito melhor do que planejamos originalmente", disse Behrouz.
Como funciona o teste?
A tecnologia de teste rápido usa pequenas partículas chamadas nanopartículas plasmônicas que interagem com a luz de uma maneira especial.
- O usuário aplica uma gota de líquido contendo proteínas associadas à doença (como de um cotonete retirado da boca ou do nariz) na membrana.
- Quando seca, a gota concentra biomarcadores de doenças na área do anel de café.
- O usuário então adiciona uma segunda gota contendo nanopartículas plasmônicas que “aderem” aos biomarcadores da doença.
Se biomarcadores estiverem presentes, as nanopartículas formam padrões específicos que alteram a maneira como a luz interage com a membrana. Essas mudanças podem ser vistas a olho nu ou com um aplicativo de smartphone com tecnologia de IA.
A tecnologia fornece resultados em menos de 12 minutos e é 100 vezes mais sensível para COVID-19 do que testes similares feitos em casa.
Aplicação para outras doenças
“Uma das principais proteínas que podemos detectar com esta técnica é um biomarcador para sepse, uma resposta inflamatória perigosa a uma infecção bacteriana que pode se desenvolver muito rapidamente, especialmente em pessoas com mais de 50 anos”, disse o autor sênior do estudo, Liwei Lin, professor de engenharia mecânica na UC Berkeley.
“Cada hora conta, mas cultivar bactérias para identificar a fonte da infecção pode levar dias. Nossa técnica pode permitir que os médicos detectem sepse em 10 a 15 minutos.”
Cientistas já criaram um protótipo de teste caseiro semelhante aos testes rápidos de COVID-19, com componentes impressos em 3D que ajudam a posicionar corretamente a amostra e aplicar gotículas plasmônicas.
"Durante a pandemia de COVID-19, dependíamos de testes caseiros para verificar se estávamos infectados. Espero que nossa tecnologia torne mais acessível a realização de exames regulares para doenças como câncer de próstata sem precisar sair de casa", disse Lin.