Antibióticos durante a amamentação: particularidades da utilização

Durante a amamentação, muitas mulheres enfrentam a necessidade de tratar doenças causadas por bactérias ou micróbios patogênicos. Essas doenças incluem pneumonia, pielonefrite, mastite, endometrite, inflamação infecciosa do trato urinário, etc. Por exemplo, a cistite aguda, que frequentemente ocorre após o parto, é causada pela bactéria gram-negativa Escherichia coli ou estafilococos saprofíticos, que só podem ser combatidas com antibióticos. Portanto, existem muitas situações em que os antibióticos precisam ser usados durante a amamentação. A questão é quais.

A segurança do uso de agentes antibacterianos por lactantes está diretamente relacionada ao grau de penetração das substâncias ativas do medicamento no leite materno e à natureza de seu possível impacto negativo quando entram na corrente sanguínea do bebê. Afinal, tomar antibióticos durante a amamentação não só aumenta o risco de efeitos colaterais no corpo da mãe, como também pode causar diversas reações tóxicas, bem como anormalidades bioquímicas e fisiológicas no corpo da criança.

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Tratamento com antibióticos durante a amamentação

As bulas da grande maioria dos antibióticos contêm três tipos de informações sobre o tratamento com antibióticos durante a amamentação (e a gravidez). A primeira: "Contraindicado durante a amamentação". A segunda: "O uso do medicamento durante a gravidez e a lactação só é possível se o benefício esperado da terapia para a mãe superar o risco potencial de desenvolver um efeito teratogênico". A terceira: "Não há informações sobre o provável efeito teratogênico ou mutagênico do medicamento quando tomado durante a gravidez. O medicamento pode passar para o leite materno; a amamentação deve ser interrompida durante o tratamento".

Em farmacologia, existem vários graus de estudos de segurança de medicamentos. O primeiro grau é quando "estudos de reprodução em animais não revelaram risco de efeitos adversos no feto e não foram realizados estudos adequados e bem controlados em gestantes". O segundo grau é quando "estudos de reprodução em animais revelaram efeito adverso no feto e não foram realizados estudos adequados e bem controlados em gestantes, mas o benefício potencial associado ao uso em gestantes e lactantes pode justificar seu uso, apesar do possível risco".

E no terceiro grau, “há evidências do risco de efeitos adversos do medicamento no feto humano, obtidas em estudos ou na prática, mas o potencial benefício associado ao seu uso em gestantes e lactantes pode justificar seu uso apesar do possível risco”.

É importante ressaltar que o tratamento com antibióticos durante a amamentação tem consequências negativas graves, incluindo danos ao trato gastrointestinal (disbacteriose), disfunção dos rins e do fígado, dos sistemas hematopoiético e nervoso, supressão do sistema imunológico, etc.

Tomar antibióticos durante a amamentação

Tomar antibióticos durante a amamentação geralmente envolve a interrupção da amamentação durante o tratamento. Como demonstra a prática, a recusa temporária à amamentação frequentemente resulta na interrupção do processo natural de lactação. E então o bebê precisa ser transferido para a alimentação artificial com fórmulas lácteas especiais…

Os medicamentos que nunca devem ser usados para tratamento com antibióticos durante a amamentação incluem tetraciclina, cloranfenicol, lincomicina, ciprofloxacino, clindamicina e metronidazol. Assim, a tetraciclina e seus genéricos podem causar distúrbios na formação óssea em crianças, o que afeta o crescimento dos ossos tubulares e a formação dos rudimentos dentários. A levomicetina inibe as funções hematopoiéticas da medula óssea em bebês e pode levar à cianose (coloração azulada da pele e das mucosas devido ao alto teor de hemoglobina reduzida no sangue) e à diminuição da pressão arterial. O uso de clindamicina ou metronidazol está associado a distúrbios no metabolismo proteico (amiloidose).

Além disso, todos os antibióticos do grupo das fluoroquinolonas, amplamente utilizados no tratamento de infecções urológicas, em particular a cistite bacteriana, são absolutamente contraindicados durante a amamentação. No entanto, nos EUA, a ofloxacina, um medicamento da segunda geração das fluoroquinolonas, foi incluída na lista de antibióticos seguros para a amamentação. No entanto, os médicos britânicos têm uma opinião diametralmente oposta e acreditam que todos os antibióticos do grupo das fluoroquinolonas (ofoloxacina, ciprolon, cifloxinal, cifrano, levofloxacina, avelox, nolitsina, etc.) não são adequados para mulheres que amamentam. As fluoroquinolonas danificam a cartilagem interarticular e afetam negativamente o crescimento dos bebês. Com uma dose única de 200 mg de ofloxacina por mulheres que amamentam, sua concentração no leite materno é igual à concentração no plasma sanguíneo.

Antibióticos compatíveis com a amamentação

Os antibióticos permitidos durante a amamentação incluem medicamentos antibacterianos de grupos como penicilinas, cefalosporinas e macrolídeos. Mais precisamente, o uso desses medicamentos na terapia de lactantes "geralmente não é contraindicado"... Acredita-se que as penicilinas (penicilina, ampicilina, ampiox, amoxicilina, amoxiclav) e as cefalosporinas (cefazolina, cefalexina, cefaxitina) passam para o leite materno em pequenas quantidades e, portanto, são seguras para a saúde dos bebês.

De acordo com pesquisas da Academia Americana de Pediatria, a amoxicilina é aceitável para uso durante a amamentação: uma dose única de 1 g administrada pela mãe que amamenta passa para o leite em quantidade insignificante (menos de 0,095% da dose materna), o que não causa efeitos adversos para a criança. No entanto, podem ocorrer erupções cutâneas e distúrbios da microflora intestinal. Reações adversas (erupção cutânea, diarreia, candidíase) foram observadas em 8,3% das crianças expostas à amoxicilina.

Oficialmente, os antibióticos cefalosporínicos não causam consequências para bebês. Mas esses medicamentos causam disbacteriose e, portanto, reduzem a produção de vitamina K no intestino. Isso, por sua vez, cria uma deficiência do fator de coagulação protrombina no sangue (aumento do risco de sangramento) e também reduz a absorção de cálcio e vitamina D, o que ocorre apenas com a participação da vitamina K.

Os macrolídeos também são considerados antibióticos compatíveis com a amamentação: eritromicina, azitromicina, sumamed, vilprofeno, etc. Embora as bulas do mesmo sumamed afirmem claramente: "O Sumamed não é prescrito durante a gravidez e a amamentação, exceto nos casos em que o benefício do uso do medicamento supere o possível risco". Segundo farmacêuticos britânicos, o tratamento com antibióticos durante a amamentação só é permitido com eritromicina, e todos os outros medicamentos do grupo dos macrolídeos não devem ser usados durante a gravidez e a lactação. Portanto, como você pode ver, não há consenso entre os especialistas, e o uso de antibióticos "aprovados" deve ser abordado com a máxima cautela.

Vale a pena mencionar separadamente o grupo de antibióticos aminoglicosídeos (neomicina, canamicina, gentamicina, amicacina, etc.). Os aminoglicosídeos são mais tóxicos do que todos os outros antibióticos. São prescritos apenas nos casos mais graves – meningite, sepse, peritonite e abscessos de órgãos internos. E seus efeitos colaterais são assustadores de se listar, bastando citar apenas perda auditiva (até surdez completa), danos ao nervo óptico e distúrbios vestibulares irreversíveis.

Os médicos que prescrevem antibióticos durante a amamentação são obrigados a alertar seus pacientes sobre a possibilidade de uma reação alérgica na criança e outras consequências negativas bastante prováveis da terapia antibacteriana. Nesse caso, recomenda-se interromper o uso do medicamento ou interromper temporariamente a amamentação da criança.

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Amamentação após antibióticos

Se uma mãe que amamenta precisar de terapia antibacteriana e o médico tiver prescrito antibióticos, a amamentação após os antibióticos será realizada na ordem estabelecida, mas a ingestão do medicamento será ajustada de acordo com o horário da amamentação. Segundo especialistas, é melhor tomar o medicamento prescrito antes do intervalo mais longo na amamentação – ou seja, à noite, antes de dormir. No entanto, recomendações específicas (sobre o esquema e a duração da administração, dose diária e única do medicamento) devem ser fornecidas pelo médico.

A amamentação após o uso de antibióticos contraindicados ou não recomendados durante a lactação deve ser retomada somente após a remoção do medicamento e de todos os seus metabólitos (produtos de transformação biológica) dos tecidos e órgãos da lactante. Cada medicamento, incluindo antibióticos, tem seu próprio período de ação, indicado na bula do medicamento específico (na seção "Farmacocinética").

Quanto menos o medicamento se ligar às proteínas plasmáticas, maior será sua eliminação (remoção). Existem antibióticos que são eliminados do corpo em 40 a 60 horas e outros que permanecem no corpo por 5 a 7 dias após a última dose.

A prescrição de medicamentos é de competência do médico assistente. E isso é um axioma. No entanto, o uso de antibióticos durante a amamentação ainda é uma questão controversa na prática clínica do século XXI. Portanto, para evitar consequências às vezes irreversíveis, deve-se ter um cuidado especial ao tomar esse grupo de medicamentos.

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