É possível a cicatrização de feridas sem cicatrizes

Pesquisadores do Centro Helmholtz em Munique estão começando a desenvolver um novo método para cicatrização de feridas sem cicatrizes.

Anteriormente, os cientistas acreditavam que a probabilidade de restaurar danos à pele sem deixar cicatrizes era muito baixa, pois exigia técnicas bastante complexas que atuavam no nível celular. Hoje, os médicos mudaram de ideia e acreditam que as tecnologias modernas são perfeitamente capazes de lidar com esse problema revolucionário.

A organização europeia ERC planeja investir aproximadamente dois milhões de euros na expedição do projeto ScarLessWorld, que será lançada sob a liderança do Professor Yuval Rinkēvičs, nos próximos anos. "As pessoas sempre buscaram compreender a possibilidade de regeneração de tecidos e órgãos. E é um pouco estranho que essa área não seja estudada adequadamente atualmente", diz o Professor Rinkēvičs, que lidera o grupo científico para o tratamento celular de patologias pulmonares crônicas.

A equipe do Instituto de Biologia Pulmonar, chefiada pelo professor, divulgou recentemente uma nova descoberta. Os especialistas descobriram que os fibroblastos – estruturas do tecido conjuntivo envolvidas na cicatrização de feridas – não são uma substância homogênea, mas sim pelo menos quatro tipos de células, cada uma das quais afeta a formação de cicatrizes à sua maneira.

"Por exemplo, quando a pele de um embrião é danificada, a regeneração ocorre sem deixar vestígios. Mas em um adulto, depois que as feridas cicatrizam, as cicatrizes sempre permanecem", diz o professor.

Experimentos posteriores levaram à descoberta da heterogeneidade dos fibroblastos da pele. O número de células em regeneração diminui ao longo dos anos, enquanto o número de estruturas formadoras de cicatrizes, ao contrário, aumenta. Quando fibroblastos embrionários são transplantados para tecidos danificados de um roedor adulto, a formação de cicatrizes ocorre quase imperceptivelmente; cicatrizes não se formam. Com base nessa descoberta, os cientistas começaram a pensar em desenvolver um método para restauração de tecido sem cicatrizes para posterior implementação na prática clínica.

O trabalho de expedição anunciado pelos pesquisadores envolve a compilação de uma lista completa de fibroblastos da pele, determinação de sua importância no mecanismo de regeneração, identificação de genes responsáveis pela cicatrização de feridas e formação de cicatrizes, bem como testes clínicos com posterior implementação prática da nova tecnologia.

"Atualmente, os métodos para prevenir a formação de cicatrizes grosseiras — em particular após queimaduras — são muito limitados. Se a descoberta for considerada bem-sucedida, poderá ser usada para tratar não apenas feridas e queimaduras, mas também fibrose pulmonar, que também envolve a formação de cicatrizes nos tecidos", afirmam os especialistas.

As informações são apresentadas na página de recursos do NCBI