Os cientistas tencionam criar uma nova ciência - a neurobiologia das emoções

É um erro pensar que todos reagimos aos acontecimentos da vida de maneira padronizada, argumentam Richard J. Davidson e Sharon Begley, autores do novo livro "A Vida Emocional do Seu Cérebro", de Richard J. Davidson, Ph.D., e Sharon Begley, em seu artigo na Newsweek. "Por que uma pessoa se recupera rapidamente de um divórcio enquanto outra se afunda em autoaversão ou desespero? Por que uma pessoa encontra outro emprego rapidamente após ser demitida, enquanto seu irmão se sente um fracasso por anos?", perguntam os autores. Eles acreditam que a ciência — "a neurociência da emoção" — fornecerá a resposta.

Tudo se resume ao que Davidson chama de "estilo emocional" de um indivíduo. "É uma constelação de reações emocionais e respostas adaptativas que variam em natureza, intensidade e duração", escrevem os autores. Na visão deles, o "perfil emocional" de cada pessoa é tão único quanto uma impressão digital ou um rosto.

Davidson destaca a novidade de sua abordagem: "Usando escaneamento cerebral e outros métodos, descobri como o estilo emocional — e os seis componentes que o compõem — está relacionado a padrões característicos de atividade cerebral."

Ao contrário dos "truísmos" científicos, o estilo emocional é determinado, entre outras coisas, pela atividade das partes do cérebro responsáveis pela cognição, pelo pensamento e pela lógica, acredita Davidson. Tradicionalmente, acredita-se que as emoções são algo básico, animalesco, porque são determinadas pela atividade de partes do cérebro que nos tornam aparentados com os animais. Ele chega a uma importante conclusão prática: "Você pode mudar seu estilo emocional exercitando sistematicamente sua mente."

Ao conduzir experimentos sobre o gerenciamento dos estados emocionais das pessoas, o autor descobriu que a capacidade de suprimir rapidamente a tristeza, a indignação ou outras emoções negativas está associada à atividade não das partes do cérebro consideradas centros das emoções, mas do lobo pré-frontal, responsável pelo pensamento. Assim, a resistência às emoções negativas – um dos seis elementos do estilo emocional – está associada a um trabalho mais ativo da parte esquerda do lobo pré-frontal (em comparação com a parte direita). Em uma pessoa emocionalmente estável, a atividade dessa parte pode ser 30 vezes maior do que em uma pessoa instável.

Após outros experimentos, os cientistas descobriram o mecanismo: descobriu-se que a parte esquerda do lobo pré-frontal inibe a amígdala cerebral – a área onde as emoções negativas geralmente surgem. Descobriu-se também que quanto mais axônios no cérebro conectam o lobo pré-frontal à amígdala, mais fácil é para uma pessoa se recuperar de emoções negativas. "Graças a esses dois mecanismos, nosso cérebro pensante acalma com sucesso nossa alma sensível, permitindo que o cérebro planeje e aja sem se distrair com experiências negativas", concluem os autores.

Os autores também têm certeza de que até mesmo o cérebro de um adulto é plástico e, portanto, os mecanismos acima podem ser desenvolvidos, inclusive por meio de pensamentos e intenções corretos. Um experimento foi realizado em Harvard: os participantes simplesmente imaginaram tocar uma peça no piano com a mão direita e, após uma semana, o córtex motor responsável pelos dedos da mão direita aumentou de volume. "É possível alterar a estrutura das células nervosas no cérebro", concluem os autores.

Eles aconselham se livrar dos traços com os quais você não está satisfeito por meio de exercícios mentais: pode ser meditação ou a chamada terapia cognitivo-comportamental.

Aqueles que são propensos à introspecção devem praticar a observação passiva e imparcial de pensamentos e sentimentos – a chamada "meditação consciente". Os autores a consideram um dos meios mais eficazes para mudar o estilo emocional. Ela "enfraquece a cadeia de associações que nos obriga a remoer o fracasso". "Assim que você começar a repassar mentalmente todos os desastres, sua mente o ajudará a parar, perceber como é fácil para a mente se distrair, perceber que este é um processo interessante de atividade do sistema nervoso superior – e o redemoinho não o sugará", escrevem os autores. Eles não prometem transformar um pessimista endurecido em otimista, mas garantem que é possível mudar o estilo emocional – mas o método deve ser estritamente individual.

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