O exercício físico pode criar uma propensão para a toxicodependência

Em alguns casos, fazer exercícios pesados não cura o vício em drogas, mas sim o previne, argumenta a jornalista Gretchen Reynolds em uma postagem de blog no site do The New York Times, citando novos resultados de um experimento com ratos no Instituto Beckman de Ciência e Tecnologia Avançada (Illinois, Urbana-Champaign).

Os camundongos machos foram divididos em duas categorias: alguns tinham gaiolas com rodas nas quais podiam correr, enquanto outros praticamente não tinham "equipamentos esportivos". Durante 30 dias, os camundongos em cujas gaiolas havia rodas puderam correr o quanto quisessem.

Depois disso, os camundongos foram transferidos para um recinto estreito com muitos compartimentos e receberam cocaína para experimentar. Os camundongos gostaram da substância e ficaram praticamente viciados.

A próxima etapa do experimento: alguns camundongos foram autorizados a correr nas rodas pela primeira vez. Os camundongos que inicialmente tinham rodas em suas gaiolas também puderam usá-las como antes.

Então, os cientistas pararam de dar medicamentos aos ratos e começaram a descobrir o quão rápido o vício deles passaria.

"Entre os camundongos que eram 'viciados' e 'corredores', surgiram duas tendências claras. Camundongos que começaram a correr na roda somente depois de se tornarem viciados perderam o vício em drogas de forma rápida e aparentemente sem esforço", diz o artigo. Em contraste, camundongos que corriam com frequência antes de usar cocaína pela primeira vez se recuperaram do vício em cocaína lentamente ou não se recuperaram.

"Há duas novidades em nossos resultados — uma boa e outra nem tanto", concluiu um dos autores do estudo, o psicólogo Justin S. Rhodes. Certamente, este estudo mostra que o vício em drogas é mais difícil de ser superado se for adquirido durante uma sobrecarga física intensa. "Embora, de fato, o estudo tenha comprovado o profundo impacto da atividade física no processo de aprendizagem", acrescentou Rhodes.

Uma análise dos cérebros dos camundongos mostrou que os "corredores" tinham quase o dobro de novas células cerebrais do que os animais que permaneceram sedentários. Essas novas células estavam concentradas no hipocampo, a parte do cérebro responsável pelo aprendizado associativo.

Cientistas sugerem que animais que corriam periodicamente antes de serem expostos à cocaína tinham um suprimento abundante de novas células cerebrais preparadas para aprender. E essas células aprenderam a desejar drogas. Como resultado, era muito mais difícil para eles esquecer o que haviam aprendido e se livrar do vício em drogas", diz o artigo.

Pelo contrário, ratos que começaram a correr depois de se tornarem viciados em drogas, graças às suas próprias células cerebrais novas, sobreviveram aos sintomas de abstinência com mais facilidade.

"Basicamente, os resultados são encorajadores", concluiu Rhodes. O exercício estimula a aprendizagem associativa, explicou.

O psicólogo também destacou que estudos anteriores mostraram que praticar esportes parece estimular o centro de prazer no cérebro e pode servir como um substituto para drogas.

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