O futuro do embrião pode ser previsto pelo padrão de movimento da célula-ovo

Imediatamente após a fertilização, o citoplasma do óvulo começa a se mover, e a natureza e a velocidade da pulsação citoplasmática podem ser usadas para determinar se o embrião será viável.

Cientistas da Universidade de Cambridge (Reino Unido) relatam que sabem como prever o futuro de um óvulo fertilizado. O método que desenvolveram permite avaliar a viabilidade do embrião e se baseia na observação dos menores movimentos que ocorrem no óvulo imediatamente após a fertilização.

Juntamente com seus compatriotas de Oxford, os pesquisadores descobriram que, imediatamente após a fertilização, o citoplasma do óvulo começa a pulsar ritmicamente, com protuberâncias e saliências se formando e desaparecendo na superfície da célula. Esses movimentos duram até quatro horas e estão associados à ativação do citoesqueleto de actina e miosina. Alterações na estrutura do citoesqueleto estão sujeitas a flutuações na concentração de íons cálcio que acompanham o processo de fertilização. Mas, mais importante, a velocidade e a natureza desses movimentos podem ser usadas para prever se o embrião será normal e viável ou se seu desenvolvimento ocorrerá com anomalias e desvios.

Os pesquisadores publicaram os resultados de seus experimentos na revista Nature Communications.

Os resultados obtidos podem ser extremamente importantes para a fertilização in vitro (FIV), quando a fusão das células sexuais ocorre "em um tubo de ensaio" e sob a supervisão de um médico, e o óvulo fertilizado é implantado na gestante. Esse processo nem sempre é bem-sucedido, e os médicos às vezes implantam vários óvulos fertilizados e monitoram o bem-estar do embrião "removendo" e analisando as células do embrião em desenvolvimento. Mas vários óvulos fertilizados podem se enraizar ao mesmo tempo, o que nem sempre é seguro. Também é bastante difícil e arriscado monitorar o bem-estar do embrião por meio de uma microbiópsia. Sem mencionar que o procedimento de FIV é bastante caro e nem todos podem se dar ao luxo de usá-lo várias vezes seguidas. Portanto, um método que permite avaliar o futuro de um óvulo imediatamente após a fertilização e antes da implantação no útero pode facilitar muito a vida de casais sem filhos e de especialistas em FIV.

No entanto, alguns cientistas alertam contra o otimismo excessivo em relação aos resultados. Os estudos foram conduzidos com óvulos de camundongos de laboratório, e óvulos humanos podem se comportar de forma muito mais complexa e imprevisível do que os de animais de laboratório geneticamente homogêneos. Se isso é verdade ou não, isso será determinado por experimentos futuros; a equipe já começou a testar suas descobertas em células humanas.